O diagnóstico de endometriose demora. Em 2020, um estudo realizado pela UERJ, constatou que as mulheres levam de 8 a 10 anos para serem diagnosticadas com a endometriose. E o que observamos em cima disso?
Entende-se que durante todo esse período a mulher, provavelmente, já apresentava queixas, com frequência ia aos médicos, realizava inúmeros exames, tinha gastos diversos, além do sofrimento físico e psicológico que enfrentava.
Todo esse cenário é bastante penoso para quem o vive, por isso compreender o que pode levar a essa demora, pode auxiliar na redução do tempo de descoberta do diagnóstico. Abaixo, irei relacionar, as principais razões para essa demora.
- O primeiro tem a ver com os sintomas. Os sintomas da endometriose podem ser muito genéricos e diversos, por essa razão podem ser confundidos com outras doenças ou sempre considerados comuns. Em um outro artigo, falarei sobre os sintomas da endometriose de forma mais detalhada.
- O segundo está relacionado com o fato de que é “normal para a mulher sentir dor”. Culturalmente, os incômodos, os desconfortos, as cólicas que a mulher sente no período menstrual são encarados como algo que ela precisa enfrentar e não “ficar reclamando”. Porém, sentir dor não é normal, principalmente, quando essa dor nos impede de realizarmos nossas atividades rotineiras.
- O terceiro fato ainda se relaciona com a dor, mas essa durante a relação sexual. A dor na relação, principalmente na posição de quatro apoios, é bem característica, no entanto, as mulheres ficam constrangidas ao relatar esse sintoma, muitas vezes até para seu parceiro.
- Sobreposto a tudo isso, a identificação da doença necessita de exames de imagem muito específicos, como a ressonância pélvica laudada por um profissional especialista e o ultrassom ginecológico com doppler e preparo intestinal, os quais são caros e poucos profissionais radiologistas são especialistas em identificar essa doença. Os exames ginecológicos de rotina não detectam endometriose.
É essencial compreender que esses pontos acima descritos, pois o enfrentamento dessa doença virá na atuação em cada uma dessas questões.
Conforme dados do Governo, a endometriose atinge 10% da população feminina, entre aquelas que enfrentam infertilidade, os índices variam de 30% a 60%, e entre as mulheres que convivem com dor pélvica crônica, chega a 70%.
Ao longo do tempo as pessoas estão se informando mais e aos poucos esse cenário vai mudando, por isso sempre reforço que sentir dor não é normal.
Tanto a mulher quanto seus familiares devem compreender que se a dor impacta o dia a dia da mulher, se reduz sua qualidade de vida, se a impede de ter uma vida sexual satisfatória, se a impede de trabalhar ou estudar, é necessário ser investigado o que causa isso tudo.
Aos poucos trarei mais conteúdos para facilitar o diagnóstico, assim como a busca para o tratamento dessa doença que faz muitas mulheres sofrerem.